Soares diz que Chávez era um homem bom.
Repugna-me mas não posso negar a ninguém o direito de gostar dos seus amigos. Hitler, Mao e Estaline também devem ter tido os seus amigos chegados...
Porém, de Chávez, Soares diz outras duas coisas que me parecem – essas sim – estranhas vindas de um antigo exilado político.
O nosso ex-PM salienta que a Venezuela de Chávez “sempre funcionou por via de eleições” e que o homem deixará “uma grande saudade”.
Analisemos individualmente cada barbaridade.
“O” Portugal de Salazar também funcionava com sufrágios, mas isso não impediu Soares de chamar ditador ao regime!
E a Coreia do Norte também vai a votos...
Sobre o facto de as eleições não servirem para provar a democraticidade dos regimes creio que estamos conversados.
Passemos à saudade.
Soares diz que Chávez deixará saudades.
Eu consigo identificar dois tipos de pessoas que as sentirão:
a) aqueles que viviam à sombra do seu poder
b) aqueles que lucraram financeiramente com Chávez
Sei que Soares não está na primeira categoria e vou tentar não acreditar que se encontrasse na segunda.
Mas ainda quanto à saudade, será que Soares partilha da saudade que tantos portugueses sentem por Salazar?
"Os apoiantes do ex-Presidente venezuelano, que morreu aos 58 anos devido a um cancro, têm pedido que o corpo de Chávez seja enterrado no Panteão nacional, juntamente com o de Simon Bolívar, herói da independência, mas, como nota a BBC, a constituição da Venezuela só permite que uma pessoa seja transferida para lá 25 anos após a sua morte.", lê-se no Público.
Se a BBC (e o Público, por arrasto) estivessem mais atentos ao que se tem passado na Venezuela nos últimos 14 anos, teriam percebido que proibições constitucionais são pormenores irrelevantes para o regime.
Ou tenho Gmail ou Blogosfera.
Se tenho um não tenho outra.
Facebook, esse, nem vê-lo.
Não me tem impedido de postar mas não posso ver o que posto...
Se vivo fosses, Camões, era o que dirias desta notícia.
Que longa e feliz caminhada fizemos desde o tear down this wall que Reagan atirou amigavelmente a Gorbachev...
Manter pedaços da História é a nossa obrigação para com os vindouros, sobretudo quando é negra a história que a História conta.
Porém, aquilo que quero realçar é o motivo pelo qual se quer manter aquele pedaço de História: é que a sua evolução foi notável.
Um pouco como o Coliseu de Roma, que - de lugar de horror - se tornou num símbolo da Paz.
Também escrevo aqui