Há esperança!
No fim de semana que ontem terminou, estive no Norte do país. Passei por Marco de Canaveses, pela Maia e pelo Porto. Em cada um destes sítios, pude encontrar-me com jovens envolvidos na política.
Alguns com quase a minha idade, outros ainda nem metade dela tinham.
Uns com a sua vida já organizada, outros a estudar para terminarem o Secundário. Apesar de todos diferentes, um “pequeno” pormenor os une: todos, sem exceção, querem dar o seu contributo para melhorar a política, o país, a sua terra.
Parece estranho que, num sábado à noite, uma sede partidária se tenha enchido de jovens (muitos com menos de 20 anos) para discutirem temas como ideologia, história política ou os pontos positivos e negativos da atual governação. Sim, parece estranho mas foi isso que aconteceu na Maia, neste sábado que passou.
Nos dias que correm, isto aparenta ser a exceção junto da juventude, mas é a estes jovens que o país se deve agarrar se quiser ter um futuro.
É nestes jovens que acreditam num país melhor, estando dispostos a debater, a discutir e a apresentar ideias que devemos pôr os olhos.
Quando o cinismo, o desalento, a resignação, a desconfiança, a descrença tomam conta dos cidadãos, a luz ao fundo do túnel está naqueles que acreditam.
Eu, que fiz toda a minha formação política numa juventude partidária, sou suspeito ao afirmá-lo mas cá vai: não há maior sinal de esperança do que um jovem querer envolver-se na política.
É um ato de abnegação, de entrega, de sonho, de dinamismo.
O Papa Francisco, ele próprio um “homem-esperança”, diz que a política é um ato de amor à sociedade.
A política deve ser exercida com valores, vivacidade, ideias e força de vontade. Tenho, felizmente, encontrado muitos jovens neste rumo. Vale a pena percorrer o país, como venho fazendo há muitos anos.
E foi mais uma Crónica de Segunda, para leitores de primeira.
Amor, Ódio e Génio
O Acordo Ortográfico seria o primeiro tema destas crónicas. Por um triste acaso, o tópico mudou. A ironia é que este texto será sobre Vasco Graça Moura (VGM), de quem eu discordava precisamente acerca do Acordo.
Foram poucas e de curta duração as vezes em que privei com este homem ímpar que ontem faleceu. Quando acontecia, sentia-me sempre embasbacado pelo brilho que este homem irradiava.
O seu fino trato, o humor, a subtileza eram o embrulho de uma arte maior que possuía: a partilha do conhecimento. Na sua presença, sem percebermos, entrávamos fatalmente no mundo dos livros, da Arte, da História, e aprendíamos sempre alguma coisa nova.
Nas últimas horas, não faltaram vozes públicas a comentar facetas pessoais, profissionais ou artísticas de Vasco Graça Moura. Só ouvimos elogios, claro: na morte somos consensuais... E VGM era consensual apenas quanto à sua obra literária!
Graça Moura defendia, sucintamente, que o Estado tinha duas grandes funções: a) formar os cidadãos e garantir-lhes o acesso à cultura; e b) proteger, disponibilizar e divulgar a herança cultural portuguesa. Evidentemente, à Direita seguiam-no, à Esquerda não o podiam ouvir.
O mesmo acontecia com outros homens da cultura ligados ao pensamento político. Saramago é um bom exemplo da “corrente” oposta. Com a diferença de Saramago não ser tão consensual na apreciação artística. Sobretudo porque muitos não conseguem ultrapassar a formatação da sua brilhante escrita.
Voltando a Graça Moura, mais que fazer a sua apologia enquanto escritor, neste texto quero elogiar o político.
Durante cerca de dez anos (1979-88), foi administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, onde deu um forte impulso à área editorial. Contribuiu para a cultura portuguesa editando muitos dos clássicos, reavivando autores esquecidos, publicando obras que já não se encontravam no mercado há décadas ou séculos. Deu voz a todas as vertentes da cultura literária, nomeadamente os chamados “escritores comunistas”.
É esta dimensão democrática que devemos ter da cultura que eu queria hoje salientar. Morreu um príncipe. Honremos o seu exemplo!
Eis a primeira Crónica de Segunda, para leitores de primeira.
Curto, Claro e Autêntico
Rio Maior ganhou um jornal online. O “Comércio & Notícias”, muito atual e dinâmico, é a nova aposta de um bom amigo que tem o jornalismo nas veias: Paulo Araújo.
A diversidade está muito ligada ao progresso. Isto é válido em áreas como a concorrência comercial ou a atividade política, mas também muito verdadeiro na informação. Saúdo, por isso, todos os projetos de comunicação social que existem e venham a existir na nossa terra.
Em conversa com o Paulo, surgiu a ideia de semanalmente me dedicar a uma coluna de opinião. O “Comércio & Notícias” parece-me um veículo adequado para essas crónicas.
Como o nome desta rubrica anuncia, os textos serão sempre publicadas à segunda-feira. Destinam-se a leitores qualificados: atentos à atualidade e adeptos da pluralidade de opiniões.
É justo que neste primeiro texto fiquem esclarecidos dois aspectos: o objetivo e o estilo. O objetivo é deixar bem vincada a minha opinião acerca dos temas que irei lançando.
Sobre o estilo, é simples de resumir: curto, claro e autêntico. Curto para que seja lido; claro para que nenhuma ideia se perca; autêntico porque espelhará quem sou.
Quer isto dizer que o leitor deverá contar com os valores da liberdade, autonomia, tolerância e da honestidade intelectual, sempre temperados com sal e pimenta.
A fechar, quero agradecer ao Paulo Araújo a oportunidade de escrever estas Crónicas de Segunda, para leitores de primeira.
Também escrevo aqui