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Quarta-feira, 10 de Abril de 2013

A (única) ditadura que aceito

Há uns anos, chegando a Ministro das Finanças, um certo governante anunciou de imediato as seguintes medidas, aqui transcritas textualmente:

 

a) que cada Ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;

b) que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;

c) que o Ministério das Finanças pode opor o seu «veto» a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;

d) que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes Ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.

 

Há dias, algo semelhante foi anunciado pelo ministério de Vítor Gaspar. Resultado: toda a gente estremeceu, comentou, repudiou.

 

Estas limitações ao funcionamento dos ministérios e serviços público, a que vulgarmente se chama de “ditadura do Ministro das Finanças”, já vêm de longe. Não são novidade. Gaspar não é o primeiro nem será o último a ter de lembrar duas coisas aos portugueses:

- só se pode gastar o que há

- nem tudo o que há se pode gastar

 

E a minha dúvida é a seguinte: quantos mais anos levaremos a perceber que Portugal tem de viver em permanente ditadura do Ministro das Finanças?

 

Já agora, o discurso acima foi feito por António de Oliveira Salazar.

uma infusão de Paulo Colaço às 12:04
link directo | vai uma chávena?
quem já bebeu:
De Paulo Colaço a 12 de Abril de 2013 às 12:28
Caro António Saraiva, uma releitura do título deste post permitirá perceber com clareza o que eu acho desse legado e dos legados das ditaduras.
Porém, não confundo a árvore com a floresta: mesmo no entulho se podem encontrar tesouros.
Na realidade, sem rédea curta nos gastos do Estado não há património que resista.
Eu sei que nem todos somos assim com o nosso dinheiro ou com o dinheiro dos nossos pais, patrões, cônjuges, etc. E são esses perdulários os que mais se chocam quando alguém tenta introduzir alguma sensatez no gasto.
E a verdade é que estamos todos a sofrer devido a essa falta generalizada de sensatez.
De António Saraiva a 15 de Abril de 2013 às 09:33
Deixemo-nos de ingenuidades...a rédea curta nos gastos visa atingir o Estado que alguma coisa pode dar à dita arraia, a miúda...a rédea larga, ainda que submersa nalguma clandestinidade por pouca atenção duma informação massajada, colonizada, vai continuar para os mesmos, os do costume que vociferam contra o Estado mas que o sorvem ... a gente sabe.
Acutilante a entrevista de Mário de Carvalho ao Jornal de Negócios de 12/4 (fim de semana) aborda a s questões da "actualidade2 com finura, sinceridade...

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