Instado pelo Jorge Fonseca Dias, no Psico, reflecti sobre as eleições directas versus voto representativo. Aqui fica:
«
As Directas são um berbicacho.
Aos que são contra, apelidam de pouco democráticos.
Os que são a favor ficam com o rótulo de caciqueiros.
A verdade é que ambas as opções têm qualidades e defeitos.
As “qualidades”
DIRECTAS: “um homem, um voto” parece-me um princípio basilar em Democracia. Além disso, é sempre bom que o universo de votantes seja substancialmente maior que o universo dos lugares por distribuir, não haja a tentação de conquistar votos com a promessa de tachos.
VOTO REPRESENTATIVO: quem vota está informado, integrado. Mais do que isso, é mais fácil a cada candidato chegar ao eleitorado, sem as dificuldades logísticas, financeiras e práticas de um universo gigantesco ou desconhecido. Voto informado = decisão mais consciente.
Os “defeitos”
DIRECTAS: votantes menos informados, votam por “ouvir dizer”, são mais facilmente “encarneirados”. E aí ganha quem tem “arte” para fazer militantes... Ou quem o populismo ditar.
VOTO REPRESENTATIVO: fica no ar a ideia de arranjo entre interesses. A decisão não passa por toda a instituição.
A verdade é que as Directas existem no PSD e na JSD em maior número que as eleições por voto representativo. Só concelhias são cerca de 320, esmagando as 22 estruturas em que o voto é representativo (distritais, regionais e nacional).
Todos nós vimos pessoas sérias perderem para corruptos, preguiçosos ganharem a dinâmicos, competentes perderem para incapazes. Com ou sem Directas. De autárquicas a distritais, a única fórmula é ter mais votos há sempre formas chico-espertas de os conseguir..
Em termos de resultados eleitorais, é irrelevante defendermos um modelo ou outro - quem “domina” os votos na sua secção não está preocupado com o modelo. (Embora a comunicação social possa fazer estragos em votantes mais “soltos”).
Portanto, se em termos de resultado final a diferença será pouca, eu (depois muito reflectir) opto pelo modelo de Princípio: “um homem, um voto”.
»