“A culpa é dos políticos”
NOTA PRÉVIA: sou e sempre fui contra a impunidade. Toda a corrupção e negligência grosseira devem ser punidas. Este texto não serve para desculpabilizar mas sim para abanar!
Uma das mais conhecidas fugas à realidade vê-se na frase: “a culpa é dos políticos”. Esta afirmação está ao nível da igualmente famosa “a culpa foi do árbitro”.
É fácil dizer que os culpados são os políticos, mas devemos reconhecer o seguinte: os políticos não são estrangeiros nem são extraterrestres. São portugueses.
Os povos têm os políticos que conseguem gerar. Tal como as famílias têm o género de filhos que conseguem educar. No caso português, encontramos nas diversas classes sociais e profissionais erros e falhas que teimamos em ver apenas nos políticos.
Podemos identificar os 3 erros/falhas mais vistos: decidirmos o presente sem pensarmos no futuro; trocarmos frequentemente o rigor pelo facilitismo; agirmos muitas vezes motivados pelo nosso próprio umbigo.
Por outras palavras: não planeamos, somos pouco exigentes, nem sempre a lisura comanda os nosso atos. Felizmente, nem todos os portugueses são assim, ou seria um caos ainda maior...
Por isso, quando criticamos políticos, estamos (inconscientemente) a ver-nos ao espelho.
- O Estado está endividado? As famílias também...
- O vereador foi incompetente a fazer as contas de uma obra? Não é diferente do empresário que comprou um jeep para a sua empresa sem prever os consumo de combustível.
- O governante que favoreceu os amigos num negócio público não é muito diferente do "senhor da repartição" que faz andar mais rapidamente os processos de um amigo.
A única diferença é a dimensão do estrago, porque as atitudes são as mesmas. A senhora que imprime umas folhas para o filho na impressora do trabalho faz, naturalmente, menos estrago que um gestor público incompetente. Mas muitos pequenos estragos juntos arruínam um país...
Enquanto acharmos que o mal é só dos outros, seremos sempre como aquele condutor que está em contramão e critica os restantes por virem em sentido contrário.
Foi mais uma curta Crónica de Segunda, para leitores de primeira.
Também escrevo aqui