Há uns anos, chegando a Ministro das Finanças, um certo governante anunciou de imediato as seguintes medidas, aqui transcritas textualmente:
a) que cada Ministério se compromete a limitar e a organizar os seus serviços dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;
b) que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;
c) que o Ministério das Finanças pode opor o seu «veto» a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;
d) que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes Ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.
Há dias, algo semelhante foi anunciado pelo ministério de Vítor Gaspar. Resultado: toda a gente estremeceu, comentou, repudiou.
Estas limitações ao funcionamento dos ministérios e serviços público, a que vulgarmente se chama de “ditadura do Ministro das Finanças”, já vêm de longe. Não são novidade. Gaspar não é o primeiro nem será o último a ter de lembrar duas coisas aos portugueses:
- só se pode gastar o que há
- nem tudo o que há se pode gastar
E a minha dúvida é a seguinte: quantos mais anos levaremos a perceber que Portugal tem de viver em permanente ditadura do Ministro das Finanças?
Já agora, o discurso acima foi feito por António de Oliveira Salazar.
Soares diz que Chávez era um homem bom.
Repugna-me mas não posso negar a ninguém o direito de gostar dos seus amigos. Hitler, Mao e Estaline também devem ter tido os seus amigos chegados...
Porém, de Chávez, Soares diz outras duas coisas que me parecem – essas sim – estranhas vindas de um antigo exilado político.
O nosso ex-PM salienta que a Venezuela de Chávez “sempre funcionou por via de eleições” e que o homem deixará “uma grande saudade”.
Analisemos individualmente cada barbaridade.
“O” Portugal de Salazar também funcionava com sufrágios, mas isso não impediu Soares de chamar ditador ao regime!
E a Coreia do Norte também vai a votos...
Sobre o facto de as eleições não servirem para provar a democraticidade dos regimes creio que estamos conversados.
Passemos à saudade.
Soares diz que Chávez deixará saudades.
Eu consigo identificar dois tipos de pessoas que as sentirão:
a) aqueles que viviam à sombra do seu poder
b) aqueles que lucraram financeiramente com Chávez
Sei que Soares não está na primeira categoria e vou tentar não acreditar que se encontrasse na segunda.
Mas ainda quanto à saudade, será que Soares partilha da saudade que tantos portugueses sentem por Salazar?
Assim ficou conhecido o complexo penal dirigido pela polícia secreta chilena, criada por Augusto Pinochet - a DINA.
Em Villa Grimaldi, perto de Santiago, a DINA prendeu, interrogou, torturou cerca de 5000 homens e mulheres, fazendo desaparecer muitos deles.
Michelle Bachelet, anterior presidente chilena, foi uma das detidas da DINA em Villa Grimaldi.
Em 1969, Caetano Veloso foi deportado para Londres.
Em 1971, Roberto Carlos e Erasmo Carlos editaram esta melodia.
Relação entre os dois factos? Muita!
Numa visita relâmpago ao amigo exilado, Roberto Carlos mostrou uma das coisas que estava a compor para um novo disco: "As curvas na estrada de Santos" (que eu e o Júlio Pisa não nos cansamos de cantar).
Conta o próprio Caetano que ao ouvir a nova música do "Rei Roberto", não conseguiu parar de chorar, tais eram as saudades da sua terra.
Ao regressar ao Brasil, Roberto e Erasmos começaram a compor uma música que homenageasse o amigo. Teria de ser uma música que o simbolizasse mas que não desse muito nas vistas. É que, apesar do regime ditador nunca ter tido coragem de impôr censura em Roberto Carlos, não convinha ser demasiado explícito.
Assim, pegando numa imagem de marca de Caetano, os seus caracóis, os Carlos criaram uma mensagem subterrânea.
Convido a redescobrirem esta letra.
Uma nota: ao contar esta história, Caetano disse uma dia que era importante as pessoas conheceram-na para saberem bem "quem é o homem a quem chamam de Rei".
Grandes! Ambos os dois.
"Eu e o meu povo chegámos a um acordo: eles dizem o que lhes apetece e eu faço o que me apetece."
(Frederico, o Grande)
De facto, você venceu a eleição mas eu venci a contagem
(Afirmação de Anastázio Somoza para um adversário que o acusou de fraude eleitoral)
«A conclusão de um acordo para a colocação na Polónia de elementos de um escudo antimíssil americano na Europa central “agrava ainda mais” o estado das relações entre os EUA e a Rússia, disse hoje um alto responsável militar russo.» in Público
Há tiques que nunca se perdem, como este de achar que toda a Europa de Leste é o seu feudo.
Quase todos os regimes ditatoriais morrem pela loucura.
O filme "A Queda" conta os últimos 12 dias do nazismo e mostra o grau de insanidade a que a Alemanha de Hitler chegou.
Recomendo.
Radovan Karadzic vai assegurar ele mesmo a sua defesa no seu processo diante do Tribunal Penal Internacional.
É costume dizer-se que "quem se defende a si mesmo em tribunal tem um cliente louco".
Há ditados certeiros...
Sócrates diz que Líbia é parceiro estratégico para Portugal.
Até pode ser, mas o que me fica desta notícia é a imagem do nosso PM agarrado a ditadores.
Ainda me lembro do abraço a Chávez.
Que feliz deve ficar o Governo angolano com ele elogio.
Deve estar a sentir-se como Sócrates quando ouviu as palavras de Dias Loureiro...
Também escrevo aqui