- Pode ser construída uma mesquita no “ground zero”?
Pode, basta que haja terreno e se respeitem as regras de construção.
- Os americanos podem ficar zangados?
Podem, até porque muitos associam os muçulmanos ao ataque terrorista no local.
- Mas foram os muçulmanos que deitaram abaixo as torres do WTC?
Não, as torres foram deitadas abaixo “por” muçulmanos, não “pelos” muçulmanos.
- Mas como nasceu essa colagem dos muçulmanos ao terrorismo?
Bem, é um pouco injusta essa colagem porque o extremismo não escolhe nem religião, nem cor da pele ou nacionalidade. Porém, a guerra dirigida por alguns extremistas islâmicos ao modo de vida ocidental tem estado nas preocupações deste mundo globalizado.
- E Obama dever-se-ia ter metido nesta guerra?
Claro. Um presidente é sempre a reserva moral de um povo. Deve saber defendê-lo, compreendê-lo, mas não deve deixar ficar no bolso os puxões de orelha quando eles são necessários. Aqui, era importante lembrar ao povo que o Ocidente é aberto, humano e democrata.
- Mas… e a comunidade muçulmana deveria ter pedido para construir ali uma mesquita?
Não conhecendo as motivações, cumpre-nos sempre tentar encontrar as melhores justificações. Numa palavra, devemos “contemporizar”. Eis algumas justificações possíveis:
* era um terreno disponível, eventualmente único, e queriam usá-lo.
* era uma forma de também eles exorcizarem os seus males de alma, porque não foram só os “americanos de gema” que sofreram.
* era uma forma de se reconciliarem com aquele espaço e episódio.
* era uma forma de dizerem: “somos contra o terrorismo, o mal que fizeram também nos atingiu”
* ou de dizerem: “nós também somos americanos”, com tudo o que isso implica.
Não são só os rostos da notícia que devem ponderar bem as suas frases.
Políticos e desportistas são muitas vezes gozados com o que dizem.
Menos vezes acontece com os jornalistas. Sobretudo os da imprensa escrita.
O meu jornal on-line favorito é o Público, que traz hoje o seguinte título: "mulheres sauditas só devem mostar um olho".
Isto é título?
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