Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno
E foste perdendo a memória
Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade A caminho da glória
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só
Quando bate à nossa porta
Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito
Quando se tem a espinha torta
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração
Pela ponta das tuas lanças
Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto
De brincar com as tuas crianças
Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar
Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar
Eu devia ter quase 19 anos.
Se assim foi, passaram já 15.
A Fonte Velha, em Rio Maior, era o meu bar de eleição.
Claridade pouca, amizade muita.
Era uma galeria, com um recanto à esquerda, como uma antiga lareira.
Nessa noite, entrei e olhei para o fundo.
Não quis acreditar.
Era o Palma. Tinha acabado de chegar e estava a preparar-se para tocar.
A meio da noite, um dos músicos, meu amigo, segredou-lhe:
- Aquele puto é dos teus maiores fãs.
O Jorge Palma chamou-me ao palco e cantei com ele algumas músicas.
No final, depois de um abraço, disse-lhe:
- Isto para mim é uma missa!
Palavras ditas com aquela emoção que só as vozes mais destiladas carregam.
Que grande noite.